Wikimedia
Commons - 25 de julho foi reconhecido pela ONU como o Dia Internacional da
Mulher Negra Latino-americana e Caribenha.
Data
é um momento de reflexão e discussão sobre estratégias e desafios para superar
o racismo e as violências sobre as mulheres negras.
Grupos
femininos negros de mais de 30 países da América Latina e do Caribe se reuniram
em 1992, em Santo Domingo, na República Dominicana, para discutir as violências
raciais e de gênero que sofriam. Após a reunião, essas mulheres negras lutaram
para que a data 25 de julho fosse reconhecida como o Dia Internacional da
Mulher Negra latino-americana e Caribenha.
Esse
dia de resistência foi ratificado pela Organização das Nações Unidas (ONU) e
simboliza as experiências das mulheres negras, que reivindicam suas lutas e
traça os desafios impostos pela sociedade. Para a historiadora Bruna dos
Santos, o dia é um marco para evidenciar a existência dessas mulheres enquanto
grupo político.
Em
entrevista a Opera Mundi, a militante da Marcha Mundial das Mulheres do
Rio Grande do Sul afirma que é impossível discutir qualquer questão de política
sem que "perpasse pelo olhar de mulheres negras". "As mulheres
negras sempre estiveram reivindicando e participando dos processos sociais e
políticos, e por isso, precisavam de um movimento como esse, que desse conta de
suas demandas", disse.
Segundo
Santos, a data internacional permite mostrar que esse grupo "existe"
e que "compõe a sociedade tanto no sentido de suas ações individuais,
quanto em ações coletivas".
A
data é celebrada por diversos movimentos e coletivos que organizam encontros e
marchas nas ruas de diferentes cidades e países. No entanto, devido à pandemia
do novo coronavírus, algumas organizações tiveram que mudar a estratégia, como
o caso da Marcha Mundial das Mulheres do Rio Grande do Sul, que convocou
militantes e realizou uma jornada de publicações em um site.
De
acordo com Claudia Prates, uma das organizadores do site, a ideia era trazer as
mulheres que compõem as marchas nas ruas para dentro do virtual, dando dicas de
filmes, livros, músicas, documentários e outros conteúdos que têm a mulher
negra como protagonista.
"Fizemos
montagens com falas das mulheres e divulgamos em nossas redes sociais. É uma
forma de que esse conteúdo possa alcançar várias pessoas, além de ser um espaço
para estimular que outras mulheres possam estar escrevendo sua história e seu
lugar de fala", afirmou.
Tereza de Benguela
Aqui
no Brasil, a ex-presidente Dilma Rousseff sancionou, em 2014, a lei nº 12.987,
que estabelece o dia 25 de julho como o Dia Nacional de Tereza de Benguela e da
Mulher Negra. A medida visava reconhecer o papel de Tereza de Benguela e
resgatar a memória da líder quilombola durante o século 18.
Ao Opera
Mundi, a socióloga Suelen Gonçalves enxerga a líder como uma
"heroína" brasileira que resistiu "bravamente contra a
desumanização e ataques ao território quilombola".
"Pensar
esse dia nacional é valorizar esta história de resistência dessas mulheres
negras, que estiveram presentes em muitos momentos da história", disse. A
militante do coletivo Atinukes - Sobre o pensamento de mulheres negras aponta
que essas histórias de lutas não são contadas "de uma forma
oficial".
Segundo
ela, a data é um momento de reflexão e de "celebrar a nossa trajetória de
construção histórica". "O Dia Nacional de Tereza de Benguela e da
Mulher Negra tem um peso importante de reflexão de que sociedade nós queremos.
Qual o novo pacto civilizatório que nós vamos construir para viver e viver com
dignidade", afirmou.
Do
Opera Mundi