Dona Zita, nome de batismo Alzira Vieira dos Santos,
Faleceu ontem por volta das 23:00 horas, de morte natural, no Povoada Areal,
Buriti de Inácia Vaz - MA, na casa de sua filha Teresinha e de seu genro Raimundinho,
onde está sendo velada e o sepultamento será às 16:00 horas no cemitério da
cidade. Dona Zita a mais longeva ascendente dos Ventura, assim dito, por ser viúva
de José Cardoso da Silva, conhecido carinhosamente por todos como Zeca Ventura,
nome herdado de seu pai.
Foram
mais de 100 anos de luta desta guerreira a Dona Zita ou Alzira Vieira dos
Santos, como ela gostava de ser chamada. Agora com a sua partida fica as
lembranças de alguns momentos felizes ao lado dos seus. Em um desses
momentos ouviamos ela dizer que tinha parentesco com índio, pois alguém dela
tinha sido pego a dente de cachorro e descendia de caboclo da Serra da Meruoca
para mostrar que era uma mulher autêntica.
Hoje é um dia muito triste
para nós por causa da sua morte, mas deve prevalecer a nossa especial homenagem
a Dona Zita, uma mulher verdadeira, exímia contadora de histórias, uma avó
divertida, bem-humorada e que sempre fez questão de dar atenção aos seus netos. Até seu vestir era alegre, gostava de roupas bem coloridas, as flores eram suas preferidas, sempre dava um jeito de ter algumas no seu jardim para alegrar o coração das pessoas que lhe visitavam.
Para a mãe Zita não tinha
tempo ruim, fazia o bem a quem quer que fosse, rezava de quebranto, mal-olhado,
erisipela, carne quebrada, osso desconjuntado/rendido, engasgo, arcas e espinhela
caídas. Engraçado na reza das arcas ela dizia: __chovê aqui meu filho vou medir
primeiro, e media. __Vixe Maria, mas tá caída de mais, passa de 4 dedos, daí
fazia a reza, media de novo e mostrava, __olha como já melhorou dois dedos, vá e
não esqueça de voltar.
Ah Dona Zita! Você era
muito engraçada, divertida, nunca botava cara feia para ninguém, sempre
querendo agradar a todos, os netos então, dava o que tinha e o que não tinha
para vê-los felizes. A casa dela era como coração de mãe sempre cabia mais um sem expressar incômodos, era mesmo uma satisfação acolher as pessoas, até tinha um dizer que falava em São Valentim, mas não me recordo agora.
Quando mais jovem não
faltava uma missa, para ela eram sagradas, também gostava de passear conversar
com as pessoas, quando encontrava um neto, um filho ou mesmo um conhecido era
uma festa, abraçava, dizia uma graça e sorria, dançava. Se um desses se apresentasse mais atrevido, curioso e perguntasse o que portava na sacola, se saía com suas tiradas desconcertantes: __ é castanhita, e dava uma risada, o perguntador, frustrado se continha. E quando lhe tiravam do
sério, rodava a baiana, e logo gritava: __eu sou Santa Rita atrás de mim ninguém
grita.
A nossa avó, que Deus a
tenha em um bom lugar, brincava de roda com as filhas, depois com as netas,
cantava, ensaiava até uma dança mesmo sem ser dançarina, uma graça. Na
culinária, gostava de fazer buxada, cuxá e outros quitutes. Teve tempo que
fazia queijo, disto não me lembro, mas nos disseram. Um tanto inquieta fazia de
tudo, sabão então era com ela mesma. Uma artesã de primeira, a partir da palha de carnaúba bruta, das suas mãos saiam belos sombreiros ou os velhos e bons chapéus de palhas para o conforto das cabeças dos trabalhadores, invariavelmente amigos.
Ficamos por aqui com a
nossa dor da partida, mas convictos de que nossa avó Zita cumpriu com sua
missão na terra, Mulher lutadora, autêntica, trabalhadora, guerreira, sofreu, brincou
se divertiu e foi feliz. Agora sai da vida para entrar na história cotidiana
das pessoas comuns, que para nós os seus familiares sempre será uma pessoa especial,
o nosso Adeus Dona Zita. O nosso abraço a todos os tios, primos e os demais
amigos e parentes.
Reginaldo Veríssimo
Meus sentimentos a vc Reginaldo e a toda família de dona Zita
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