Juízo aos buritienses neste Novo Ano, oportunidade em que escolherão um novo gestor, tempo de esperanças mas também de muita responsabilidade, para não delegar poderes a qualquer um sem as devidas credencias para a gestão da coisa pública. A todos e a todas um FELIZ ANO NOVO. São os nossos sinceros votos.
quinta-feira, 31 de dezembro de 2015
domingo, 23 de agosto de 2015
Sampaio desbanca o líder vitória com garra e conquista uma vaga no Grupo dos 4, confira
Capitão Diones comemora o gol que deu a vitória ao Sampaio (Foto: Elias Auê)
Com
direito a um final estraçalha nervos, o Sampaio bateu o líder Vitória, em jogo
de alta voltagem no Castelão, e manteve a sua série invicta de casa, além de
garantir um lugar no G4. Um passo fundamental nessa longa caminhada na Série B.
Foram
três minutos de sustos, para ambos os lados, em prenúncio da partida tensa que
se desenhava. Edgar quase marca logo no início. A defesa baiana se safou por um
triz. Eles responderam na sequência, mas a retaguarda Tricolor estava atenta.
Jogo
de detalhes. Ninguém podia piscar. Salino arriscou uma bomba de fora da área.
Passou com perigo. O Sampaio jogava com imposição, mostrava respeito em seus
domínios, e deixava bem claro: queria os três pontos.
Daniel
tentou cruzar, a defesa travou, ele recuperou a bola, que sobrou para
Pimentinha, e uma cena corriqueira se repetiu. Cruzamento na área, cabeçada de
Diones. Sem chances. O capitão colocou a Bolívia Querida na frente.
O
tabuleiro de erro mínimo era exigido o tempo todo. Perigosa, a equipe do
Vitória buscava a igualdade na base das bolas traiçoeiras de Jorge Wagner, que
tentava de fora da área e até de escanteio. Partida perigosa.
Mas
o placar do primeiro tempo ficou com a vantagem Tricolor. Era preciso ajustar
alguns detalhes para batalhar nos 45 minutos finais.
A
última etapa do duelo começou a mil. O Vitória não lidera a competição por
acaso, e pressionou nos minutos iniciais. Sangre frio, o Sampaio suportava o
abafa e escapava em velocidade para o ataque.
Simões
acertou um chutaço, mas o goleiro baiano espalmou e livrou o rubro-negro de
levar o segundo gol. O jogo esquentou de vez, e a torcida, também. Ainda
faltava meia hora. Tinha muita guerra pela frente.
A
partida crescia em tensão. A torcida entendeu o momento e carregou o time, que
se desdobrava dentro de campo, contra um adversário peso-pesado.
A
pressão só aumentava. Bolas na área, escanteios, faltas. Um vasto repertório
baiano em busca do empate, mas o Sampaio mantinha-se firme, num jogo de muita
entrega e superação.
Os
minutos finais mostraram um Sampaio maduro, transferindo a pressão para o lado
contrário, sem deixar que o Vitória ocupasse o campo de ataque. Foi assim até o
apito final, com Jheimy quase guardando o segundo gol. Mas a parada já estava
definida. Triunfo Tricolor.
O
returno começou bem. Foi um passo importante para a construção de um sonho. A
estrada ainda é longa, mas o Sampaio deu o seu recado: Nós podemos!
Ficha
Tricolor:
Rodrigo,
Daniel Damião, Plínio, Luiz Otávio e Wilian Simões; Dê, Salino e Dione; Edgar
(Raí), Pimentinha (Léo Rodrigues) e Douglas (Jheimy).
Do JP
domingo, 9 de agosto de 2015
Decifra-me ou te devoro: o enigma da grande mídia
Em
um determinado momento, ainda incerto, mas que nada leva a crer que inesperado,
passou a haver uma nova postura nas redações dos jornais que representam a
opção politico econômica do país (editoriais do Globo (rede) e da Folha de São
Paulo, acusando o PSDB de antidemocrático e de fator responsável pela instabilidade
politico e financeira do país).
Pois
bem, tomando como certa a afirmação hegeliana de que os fatos enquanto fatos
não tem autoridade, mas sim, somente perante a análise dos fatos que lhes deram
origem, passamos a tecer alguns cenários que expliquem tal giro de cento e
oitenta graus.
Primero quadro...
Ninguém
ignora que, foram levadas às cordas empreiteiras e poder politico e financeiro
equivalente a algumas centenas de bilhões do capital nacional e, pasmem,
ninguém ainda perquiriu quem está bancando toda esta manobra politica.
Anoto,
de pronto, que é inconcebível que toda esta efetiva guerra esteja sendo travada
sem que haja expresso interesse - dos detentores do capital em si - em que tais
fatos ocorram.
Resta
saber quem está patrocinando tal disputa por espaço (um palpite, o capital
rentista - grandes bancos -, e as petroleiras).
O
motivo todos sabem, os trilhões de dólares da Petrobrás e das commodities
brasileiras...(ver post http://jornalggn.com.br/noticia/o-obscuro-cartel-por-tras-da-midia-por-s...)
Nesta
conjuntura, apesar de esperada, ainda resta (va??) ausente uma efetiva reação
por parte do empresariado nacional.
A
prisão de Marcelo Odebrecht teria sido o último elo que faltava.
A
partir deste momento e perante o caos que esta tomando de assalto a economia
brasileira, aparentemente teria havido um momento de lucidez junto ao capital
produtivo nacional, ou seja, passou a ficar evidente que a derrocada econômica
não se restringiria as grandes empreiteiras, mas a toda economia nacional,
ninguém seria poupado.
Tal
constatação, que pode ter o agravante de ser tardia, de qualquer sorte, pode
efetivamente ter novamente reunido num mesmo campo de interesses o governo e as
empresas (capital produtivo nacional) que atuam no país.
Reitero,
não existem acasos, e, de certo modo, poderíamos vislumbrar até mesmo com
grande grau de certeza, a forma como este quadro pode ter se delineado.
Isso
teria ocorrido aos poucos, pontualmente, primeiro, há pouco menos de duas
semanas, com a mudança de entendimento do Juiz Sergio Moro em relação a
possibilidade de acordos de leniência (isso após praticamente ter falido todas
as empreiteiras, restando os despojos a serem disputados pelo capital
internacional rentista (não o produtivo)), depois, mais recentemente, com a
retirada do apoio ao impeachment pela maioria dos partidos políticos e
organizações da sociedade civil e, a seguir, os últimos passos, as grandes
federações nacionais que agrupam o empresariado nacional, FIESP e FIRJAM,
respectivamente de São Paulo e Rio de Janeiro, vieram a público se
manifestarem pela volta a normalidade tanto politica quanto institucional,
incontinenti, logo a seguir, chegamos ao fim do ciclo, chegamos aos editoriais
do Globo (rede) e da Folha de São Paulo, acusando o PSDB de antidemocrático e de
fator responsável pela instabilidade financeira do país.
Desta
forma, estaríamos frente a um novo arranjo das forças politicas e capital
nacional, frente a investida do capital rentista internacional e, portanto,
devemos aguardar os próximos rounds, mas já antevendo a possibilidade de reação
de um setor que já se acreditava nocauteado.
Entretanto,
ainda que incipientes, pairam severas dúvidas, sobre se os acontecimentos
deram-se efetivamente da forma acima narrada.
Segundo quadro.
Este
é o que se faz mais aparente, mas nem por isso mais factível.
De
outro lado, a explicação pode ser singela, ou seja, no momento atual, há
motivos para que estes grupos (golpistas midiáticos) acreditem que o Golpe pode
ser efetivado institucionalmente, de modo a que possam emprestar a tal
usurpação uma aparência de legalidade.
Nesta
configuração, não existem fatos novos, mas apenas a readequação da forma como
se dará o golpe.
Prosseguindo.
Tem,
ainda, outro fator que não pode ser afastado, afinal não existem coincidências,
num contexto tão interligado.
Terceiro quadro.
Falo
da noticiada possibilidade de delação de Marcelo Odebrecht.
E
o que teria isso de novo?
Explico.
É
que, pode ser que a ameaça de Marcelo Odebrecht, de aceitar a delação premiada,
não seja visto como sendo “mais do mesmo”, mas sim que esta possa a ter o
condão de transformar toda a trajetória da lava-jato em relação tanto aos
motivos como aos envolvidos, ou seja, podendo, inclusive, vir a envolver
e incriminar setores até então aparentemente descolados.
Nesse
caso, a questão pode simplesmente se restringir a alteração dos políticos e das
agremiações políticas atingidas e com isso alterar todo o quadro nacional, o
que explicaria a operação abafa da grande mídia, mas, também pode, ainda,
ter outras componentes.
Abro a caixa de pandora.
Claramente,
alguém acredita que durante todo este tempo a mídia brasileira ignorava a
existência desta imensa rede de corrupção.
Será
que o proprietário da Odebrecht teria algo a dizer sobre os grupos de mídia.
Neste
contexto, temos um novo fator que leva ao imponderável.
A
prisão de Marcelo Odebrecht e do Almirante Othon, fez cair toda a ilusão sobre
a impossibilidade de prisões de grandes figuras dirigentes de conglomerados
empresariais.
Então,
se houver delação e provas, porque não a prisão de algum ou de alguns donos da
mídia.
Ainda,
qual o conteúdo e grupo ou grupos políticos que podem ser atingidos por
eventual delação do referido empresário, que, segundo a revista Época, das
organizações Globo, poderia derrubar a República.
Fecho...
Pois
bem, estas são algumas variáveis em curso, podendo todas estar numa mesma
sintonia em relação ao objetivo acordado, ou, em pleno confronto pela obtenção
do poder de determinar os rumos do país, aí incluída a manutenção da
democracia
Por
Sergio Medeiros - GGN
quinta-feira, 4 de junho de 2015
A formação Cunha, Renan e Gilmar, é o triângulo das Bermudas, diz Nassif
Cunha, Gilmar e Renan
Para
entender o comportamento dos atuais presidentes da Câmara, Eduardo Cunha, e do
senado, Renan Calheiros, há que se considerar a Lava Jato.
Ambos
representam duas faces complementares do que de pior a política brasileira
produziu. Desde os tempos de PC Farias, Cunha se meteu em um sem-número
de aventuras polêmicas e, na Câmara, se consagrou como representante de altos
(e nem sempre transparentes) interesses econômicos.
Seu
estilo é se aproximar dos centros de poder e negociar. Nos tempos de presidente
da Telerj, negociou com a Globo assegurando espaço para o cabeamento da Globo
Cabo; prometeu Lista Telefônica para a Editora Abril; tentou enfiar na Telerj
os equipamentos da NEC, controlada pelos Marinhos.
Ajudou
a Associação dos Juízes Federais (Ajufe) do Rio, intermediando seus interesses
junto ao governador Sérgio Cabral. Montou lobby em favor de empresas com
interesses na Lei dos Portos. E, segundo acusações do Ministério Público
Federal, valeu-se de uma companheira de bancada para aprovar medidas que
pressionavam uma empresa que se recusava a pagar propinas.
***
Já
Renan pertence à estirpe nordestina de José Sarney. Batalha por colocar
apaniguados em estatais e outros cargos públicos. Mas, até a Lava Jato, cumpria
um papel estabilizador, quase de avalista do presidencialismo de coalizão.
Ambos
– ele e Sarney – tiveram papel relevante na manutenção da governabilidade de
sucessivos presidentes, ao preço do aparelhamento amplo da máquina pública.
Parte
desse aparelhamento se deu na Petrobras, como constatou a Lava Jato.
***
O
desespero com a operação, o receio concreto de ser preso, levou Renan a abdicar
da cautela e embarcar na aventura doida com Cunha, interferindo em todos os
quadrantes do poder público com uma sucessão inédita de iniciativas
parlamentares.
Perdeu
a linha e a única legitimação para suas estripulias políticas: o bom senso na
manutenção da governabilidade.
Sua
tentativa de submeter a indicação de todos os diretores de estatais ao Senado
soa hipócrita, quando se sabe ser ele o pivô da maioria das articulações do
PMDB na máquina pública.
***
Essa
pro atividade elétrica de ambos visa despertar uma série de interesses em
grupos de influência, de maneira a ganhar cacife para se contrapor às
investigações do MPF.
É
por aí que se entende a tentativa de desmanchar o precário federalismo
brasileiro, conquistando apoio de governadores e prefeitos para uma redivisão à
galega do bolo tributário.
***
A
essa dupla se soma o protagonismo sem limites do Ministro Gilmar Mendes, do STF
(Supremo Tribunal Federal). A maneira como interfere nas decisões coletivas do
STF, sua desfaçatez em se pronunciar politicamente, o desrespeito a todos os
poderes, torna-o o terceiro ângulo desse triângulo das Bermudas que gerou o
vácuo institucional brasileiro.
***
Os
exageros começam a produzir reações, inclusive de setores aliados incomodados
com essa marcha da insensatez.
Mas
caberá ao MPF e aos Ministros do STF dar um basta nesse caos institucional,
nessa falta de modos republicanos, na selvageria política que ameaça levar o
país de roldão.
Do
GGN por Luis
Nassif
sábado, 23 de maio de 2015
A Justiça aos pés da velha mídia ameaça à liberdade de imprensa da blogosfera, veja
Imagem de divulgação
Doutrinariamente,
a imprensa é vista como o instrumento de defesa da sociedade contra os esbirros
do poder, seja ele o Executivo, outro poder institucional ou econômico.
Não
se exija dos grupos de mídia a isenção. Desde os primórdios da democracia são
grupos empresariais com interesses próprios, com posições políticas nítidas,
explícitas ou sub-reptícias.
***
Tome-se
o caso brasileiro. É óbvio que os grupos de mídia têm lado. Denunciam o lado
contrário e poupam os aliados.
Doutrinariamente,
procuradores entendem que qualquer denúncia da imprensa deve virar uma
representação. Mas só consideram imprensa o que sai na velha mídia.
Doutrinariamente, o CNJ (Conselho Nacional de Justiça) criou um grupo para
impedir o uso de ações judiciais para calar a mídia. Mas só consideram
jornalismo a velha mídia.
Cria-se,
então, um amplo território de impunidade para aqueles personagens que se aliam
aos interesses da velha mídia. E aí entra o papel da nova mídia, blogs e sites,
fazendo o contraponto e estendendo a fiscalização àqueles que são blindados
pela velha mídia.
***
No
entanto, sem o respaldo do Judiciário, sem a estrutura econômica dos grupos de
mídia, blogs e sites independentes têm sido sufocados por uma avalanche de
ações visando calá-los. E grande parte delas sendo oriunda da mesma velha
mídia.
Quando
a velha mídia se vale dessas armas contra adversários, não entra na mira do
CNJ.
***
Tome-se
o meu caso.
Sou
alvo de seis ações cíveis de jornalistas, cinco delas de jornalistas da Veja,
duas de não jornalistas. Os dois não jornalistas são os notáveis Gilmar Mendes,
Ministro do STF (Supremo Tribunal Federal) e Eduardo Cunha, presidente da
Câmara. Além deles, sofro uma ação de Ali Kamel, o todo poderoso diretor da
Globo.
***
O
que pretendem me sufocando financeiramente com essas ações?
Desde
que se tornou personagem do jogo político, a Gilmar tudo foi permitido.
Em
meu blog já apontei conflitos de interesse – com ele julgando ações de
escritórios de advocacia em que sua mulher trabalha e de grandes grupos que
patrocinam eventos do IPD (Instituto Brasiliense de Direito Público).
Apontei
o inusitado do IDP conseguir um contrato de R$ 10 milhões para palestras para o
Tribunal de Justiça da Bahia no momento em que este se encontrava sob a mira do
CNJ. E critiquei a maneira como se valeu do pedido de vista para desrespeitar o
STF e seus colegas.
***
De
Eduardo Cunha, é possível uma biografia ampla, desde os tempos em que fazia
dobradinha com Paulo César Faria, no governo Collor, passando por episódios
polêmicos no governo Garotinho e no próprio governo Lula.
No
governo Collor ele conseguiu o apoio da Globo abrindo espaço para os cabos da
Globo Cabo e dispondo-se a adquirir equipamentos da NEC (controlada por Roberto
Marinho). Agora, ganha blindagem prometendo impedir o avanço da regulação da
mídia.
Sobre
Kamel, relatei a maneira como avançou na guerra dos livros didáticos – um dos
episódios mais controvertidos da mídia nos últimos anos, quando editoras se
lançaram nesse mercado para ampliar seus negócios.
***
Censurando
os críticos, asfixiando-os economicamente, quem conterá os abusos de Gilmar, de
Cunha e de Kamel?
Há
uma ameaça concreta à liberdade de imprensa nessa enxurrada de ações.
GGN - Luis Nassif
sábado, 18 de abril de 2015
Vaccari é santo perto dos tesoureiros tucanos
Vaccari ladeado de ex-tesoureiros do PSDB
No
momento em que o ex-tesoureiro do PT, João Vaccari Neto, está preso em
Curitiba, depois de ter sido acusado por delatores, o jornalista Paulo Moreira
Leite, diretor do 247 em Brasília, lembra dados biográficos de quatro ex-tesoureiros
do PSDB: (1) Ricardo Sérgio de Oliveira, que dizia agir "no limite da
irresponsabilidade" foi acusado por ninguém menos do que Antonio Carlos
Magalhães de receber propina de R$ 90 milhões na venda da Telemar; (2) Andrea
Matarazzo, apresentado nesta semana por FHC como seu candidato à prefeitura de
São Paulo, arrecadou junto à Alstom para o caixa 2 da campanha tucana em 1998;
(3) Marcio Fortes está na lista do HSBC, com contas que somavam US$ 2,4
milhões, em 1997; (4) Sergio Motta, o pai de todos, foi o mentor da reeleição,
que teria custado US$ 200 mil por deputado; o que espanta, diz PML, é o
silêncio do PT diante da desigualdade jurídica que impera no País.
Há
algo de muito estranho na postura de uma parcela de petistas diante da prisão
do tesoureiro do tesoureiro João Vaccari Neto. No pior momento da história do
Partido dos Trabalhadores, quando a legenda parece estar sendo conduzida
calculadamente até a beira do abismo pela ofensiva do juiz Sérgio Moro,
eles preferem tomar distância dos acusados, exigem que entreguem seus cargos no
partido e só reapareçam depois que não houver um fiapo de dúvida a respeito de
sua conduta.
Em
vez de demonstrar solidariedade com os envolvidos nas acusações, integrantes
reunidos em torno da corrente Mensagem ao Partido, formada por políticos
respeitáveis e de prestígio, como o ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo,
o deputado Paulo Teixeira, o ex-ministro, ex-prefeito de Porto Alegre e
ex-governador do Rio do Sul Tarso Genro, todos com reconhecida formação
jurídica, parecem ter invertido as regras elementares da Justiça. Exigem que os
acusados demonstrem a própria inocência — em vez de aguardar que o Ministério
Público e a Polícia Federal sejam capazes de demonstrar sua culpa, a partir de
provas robustas e inquestionáveis.
O
comportamento causa estranheza por seu efeito político duvidoso como
instrumento de proteção à reputação dos petistas, já que mesmo em casos menores
da vida cotidiana a falta de apoio das pessoas próximas — como parentes e
amigos — costuma ser vista como um indício frequente de culpa pela maioria dos
cidadãos.
Em
vez de auxiliar o partido no esforço politicamente compreensível — em qualquer
legenda que se encontre em situação semelhante — para questionar as acusações e
denúncias em fase inicial de apuração, contribui para reforçar a convicção,
extremamente danosa para o PT e para o governo Dilma, de que a Lava Jato é um
processo essencialmente jurídico, conduzido de forma equilibrada e isenta pelo
juiz Sérgio Moro. Só a disposição para defender uma visão desse tipo, que nega
o caráter essencialmente injusto e seletivo das investigações sobre boa parte
dos casos corrupção ocorridas no país — algo tão fácil de demonstrar como a
existência da lei da gravidade — pode justificar uma postura de quem pretende
punir militantes e dirigentes, aliados até a véspera, antes que a Justiça
tenha dado sua palavra final.
Em
2005, durante o processo que levou à AP 470, uma parcela igualmente
ponderável de petistas assumiu essa postura pela primeira vez. Dizia-se, na
época, que entregar alguns troféus do partido — a começar por José Dirceu — às
fogueiras da cassação pelo Congresso poderia até ser uma medida injusta, mas
aceitável como uma tentativa de encerrar uma crise e garantir a sobrevivência
do partido. Dez anos depois, o saldo dessa estratégica está aí, à vista de
todos.
Outro
aspecto diz respeito à natureza opaca das denúncias de corrupção e ao caráter
dos crimes que podem — ou não — serem associados ao sistema de financiamento de
campanha, historicamente promíscuo. No mesmo dia em que os jornais estampavam
uma foto da prisão de Vaccari, Fernando Henrique Cardoso apresentava o
empresário e vereador Andrea Matarazzo — nome frequente em boa parte das
denúncias de irregularidades na tesouraria tucana — como candidato do PSDB a
prefeitura de São Paulo em 2016.
Soube-se,
na mesma data, que o deputado estadual Barros Munhoz (PSDB-SP) livrou-se de uma
denúncia em que era acusado de formação de quadrilha e fraude em licitação.
Isso só aconteceu porque ocorreu uma retenção — por três anos — da ação penal
na qual poderia ser condenado. Passado este prazo, o parlamentar completou 70
anos e a denúncia prescreveu. Para a Folha de S. Paulo, que noticiou o
benefício assegurado ao parlamentar, o desembargador Armando Sergio Prado de
Toledo, que manteve a denúncia na gaveta, é “suspeito de haver retardado a
sentença para beneficiar o parlamentar tucano.”
Num
partido que conseguiu livrar-se de uma denúncia vigorosa como sobre propinas do
metrô paulista, empurrada com a barriga durante uma década e meia, e que ameaça
sair do julgamento do mensalão-PSDB-MG sem uma única condenação efetiva, essas
situações não chegam a surpreender. Apenas confirmam as conexões sempre
apontadas por observadores entre a luta política e a investigação judicial em
nosso país, permitindo que se imagine uma engrenagem capaz de fazer movimentos
de mão dupla. Não só é capaz de trabalhar para proteger e inocentar seus aliados
prediletos, mas ainda se permite investigar e condenar seus adversários
políticos com ferocidade, não apenas pelo uso extravagante de ideias jurídicas
como a teoria do domínio do fato, mas também pelo emprego excessivo de medidas
como prisões preventivas e delações premiadas.
Para
quem compreende que escândalos costumam traduzir uma pequena fração da política
real, frequentemente distorcida, essas imagens são um escárnio — quando
colocadas ao lado das cenas de condução de João Vaccari à prisão.
O
uso de caixa 2 nas campanhas de Fernando Henrique Cardoso foi admitido pelo
tesoureiro principal, Luiz Carlos Bresser Pereira, e também por um publicitário
que atuava a seu lado, Luiz Fernando Furquim. Os dois também sustentaram que o
candidato a prefeito Andrea Matarazzo participou da coleta de recursos, coisa
que ele próprio negou — sempre. Anos atrás, as suspeitas andavam em água morna
até que explodiu — fora do país, naturalmente — o escândalo da multinacional
Alstom, tradicional fornecedora de equipamentos para o governo paulista.
Apareceram memorandos internos em que um diretor se dizia disposto a pagar
uma comissão de 7,5% para obter um contrato de R$ 100 milhões junto
à Eletropaulo. Os papéis detalhavam: os 7,5% seriam divididos entre “as
finanças do partido”, “o tribunal de contas” e a “Secretaria de Energia”. Não
havia nomes, mas os endereços comprometiam vários figurões do PSDB paulista,
inclusive Matarazzo que, na época, ocupava a Secretaria de Energia, a quem a
Eletropaulo estava subordinada. Matarazzo chegou a ser indiciado pela Polícia
Federal. Acabou descartado, ao lado de outros tucanos de primeira linha.
Sem
exagerar no simplismo sociológico, é curioso notar que Vaccari é um
sindicalista, assim como Delúbio Soares, enquanto os tesoureiros do PSDB vêm de
outra linhagem, situada no topo social, sugerindo algo de preferência pela
punição de Pobre, Preto e Puta.
Sérgio
Motta, o paraninfo da turma tucana, era um grande empresário, com ideias de
esquerda, capaz de atos generosos como empregar presos políticos que deixavam a
cadeia durante o regime militar — e prestar auxílio financeiro a jornais que
faziam oposição à ditadura. Caixa forte da eleição e do primeiro mandato de
Fernando Henrique Cardoso, inclusive dos projetos de privatização da telefonia,
foi um dos arquitetos do esquema que garantiu os votos necessários para aprovar
a emenda que permitiu a FHC disputar a reeleição, em 1998.
“Os
deputados votavam pela reeleição e na saída encontravam um empresário que lhes
dava o endereço para receber o pagamento”, me disse o deputado Pedro Correa
(PP-PE), numa entrevista em que estava acompanhado por seu assessor de
imprensa. Narciso Mendes, parlamentar do PP do Acre, disse a Palmério Doria,
autor de O Príncipe da Privataria, que a reeleição envolveu a compra de 150
votos, adquiridos por R$ 200 000 cada.
Herdeiro
de uma das principais construtoras do país, o empresário Marcio Fortes sempre
ocupou postos altos no PSDB. Foi tesoureiro de Fernando Henrique e de José
Serra, em 2002. Acusado de usar notas frias, o esquema financeiro tucano,
naquela campanha, recebeu uma multa de R$ 7 milhões.
Ex-presidente
do BNDES por dois anos, Fortes apareceu entre os 8 000 brasileiros com contas
no HSBC, na Suíça. Titular de três contas na instituição, que somavam US$ 2,4
milhões em 2007, ele nunca informou o TRE-RJ desse investimento, revelou o
Globo. No início de 2001, o então senador Antonio Carlos Magalhães fez uma
acusação pesada a respeito da privatização das teles.
Segundo
ACM, teria havido irregularidade na venda de uma delas. Ele contou que o
consórcio Telemar, que explora a telefonia fixa em dezesseis Estados, do Rio de
Janeiro ao Amazonas, teria feito um acerto para pagamento de 90 milhões de
reais para levar o negócio. Em 2002 ficou-se sabendo que pedido semelhante de
comissão pode ter ocorrido também no processo de venda da Vale. O valor é
menor, 15 milhões, mas a história é igualmente grave. Nos dois casos, as
denúncias recaem sobre uma mesma pessoa: o ex-diretor do Banco do Brasil
Ricardo Sérgio de Oliveira, que atuou no passado como um dos arrecadadores de
fundos do alto tucanato. Ele foi gravado quando admitiu, em conversa
telefônica, que estava atingindo o “limite da irresponsabilidade” na montagem
de consórcios que disputaram as teles.
Diante
dessas circunstâncias, envolvendo tantos personagens, chega a ser espantoso que
dirigentes do Partido dos Trabalhadores, a principal vítima de investigações
preferenciais, evitem confrontar uma situação tão desigual, e procurem tratar
com reverência jurídica uma questão que é, claramente, política. Chega ser
deseducativo do ponto de vista da população em geral, que nunca foi devidamente
formada sobre o valor dos direitos e garantias individuais, o que explica a
popularidade de soluções fáceis e demagógicas, como redução da maioridade penal
e mesmo a pena de morte. Também é desmobilizador, do ponto de vista dos
petistas, em particular num momento em que a legenda necessita, mais do que
nunca, recuperar energias para enfrentar tormentas que se avizinham. Em 2015,
adversários mais despudorados sonham inclusive em colocar o partido na
ilegalidade, medida que privaria a democracia brasileira do único partido de
massas nascido da luta popular, das organizações de trabalhadores e da
mobilização dos mais pobres, desfalcando o universo político brasileiro de uma
voz de ressonância histórica.
Por Paulo
Moreira Leite em Brasil 247
sábado, 11 de abril de 2015
Flávio Dino fala sobre os 100 dias de governo
Durante
entrevista o governador do Maranhão abordou a mudança de postura na gestão do
estado e as áreas de atuação do governo.
Flávio Dino - Governador do Maranhão
Entre
reuniões que se sucedem, com secretários ou outros segmentos políticos e
empresariais no Palácio dos Leões, o governador Flávio Dino tirou uma hora, na
manhã de ontem, para falar a O Imparcial. Sem pauta determinada, ele discorreu
sobre os problemas encontrados no Maranhão e quais deles já têm solução
encaminhada e como projeta as novas etapas da gestão, depois dos 100 dias,
completados hoje.
Para
Flávio Dino, a mudança mais expressiva é a de postura da administração. “É a
precondição para que outras mudanças venham”. Citou a atitude em relação ao bem
público que administra, sobre o qual “a transparência e zelo são premissas
indispensáveis”. Sobre o momento político nacional, o governador do PCdoB
destaca como positivos o valor da pluralidade e a oposição, mas condena a
transformação disso em luta pela destruição do outro, “no ódio como método de
ação política”.
Um
dos temas mais espinhosos herdados por Flávio Dino é o caos instalado no
Complexo Penitenciário de Pedrinhas. Ele avalia que as falhas que têm ocorrido,
que levam, por exemplo, a sucessivas fugas e mortes, derivam na maioria das
vezes, não da falha de comando, mas da falha de execução das ações.
Reporter -
Daquelas propostas de mudança que o senhor pregou tanto na campanha e depois de
eleito, nesses 100 dias de governo, o que já pôde ser concretizado?
Flávio Dino -
Queria destacar, em primeiro lugar, a mudança de postura da administração. Esse
registro é muito importante porque se refere a uma premissa. É a precondição
para que outras mudanças venham. Me refiro à atitude em relação ao patrimônio
público, ao dinheiro público. Com ele, temos uma atitude de transparência e
zelo. Não há nenhuma acusação. Não há sequer indício, em nenhuma área do
governo, de ocorrência de desvio ou mau uso do dinheiro público. Temos uma
gestão honesta e responsável. O segundo conjunto de observações diz respeito a
resultados concretos, derivados dessa atitude e de outras medidas tomadas. São
as relativas às políticas sociais. Demos demonstrações de que agora a educação
é prioridade, não apenas retórica. Equacionamos o problema das progressões
salariais dos professores que se acumulavam há décadas.
O que é isso, didaticamente?
A
valorização dos professores. Por fim ao risco de greve. É uma questão
fundamental na medida em que o governo tem uma atitude de reconhecimento de
direitos. Estamos prevenindo interrupções do ano letivo como aconteceu em
outros momentos. Eu destacaria as progressões salariais, ou seja, promoções dos
professores. Onze mil deles foram beneficiados com isso. Aplicamos o reajuste
linear de 13% para todos os professores – mais de 20 mil. Prorrogamos cinco mil
contratos, temporariamente. Fizemos isso para garantir desde o primeiro dia do
ano letivo, professor em sala de aula. Contratamos mais mil, enquanto
preparamos o concurso. E uma medida que eu gostaria também de sublinhar na área
de educação: no dia 19 de junho, vamos ter a primeira consulta democrática dos diretores
de escola do maranhão. Significa dizer que os professores, os pais, os alunos e
os funcionários é que vão, junto conosco, partilhar a gestão da escola. Abri
mão de uma prerrogativa legal, de nomear os diretores de escola do Maranhão.
Estou partilhando isso com a comunidade escolar.
O que o senhor espera no curto
prazo da eleição direta de diretores de escolas?
Sobretudo,
que eles sejam comprometidos com a liderança do processo de transformação da
educação no Maranhão. Porque eles vão ser frutos do debate da comunidade. Eles
vão passar por um curso, apenas os aprovados no curso poderão concorrer na
consulta democrática. E aí eles vão ser submetidos à eleição. E os eleitos vão
fazer outro curso, outra prova e, se eles forem aprovados, terão, aí sim, a
investidura de diretor. Dobramos praticamente a remuneração dos diretores,
porque os estudos mostram que se você tem um diretor de escola, um
administrador comprometido com a melhoria daquela escola, os exemplos bons
aparecem.
Queria
destacar também as medidas alusivas à infraestrutura física educacional. Vamos
lançar hoje (ontem) o projeto relativo aos Institutos Estaduais de Educação
Profissional. Eles serão vinte no Maranhão. Já lançamos o edital do projeto
relativo à substituição das escolas de taipa. Cerca de 151 cidades maranhenses
se inscreveram. Em abril, estamos visitando todas essas escolas que os
prefeitos disseram que são de palhas. Nossa equipe vai olhar quantos alunos
têm, como funcionam, porque nós vamos dar essas escolas aos municípios e
avançarmos em outras temáticas da infraestrutura.
Do que encontrou no governo, que
caracterizaria como um entulho de tantos anos de domínio político, o que já foi
removido nesses três meses?
A
gente precisa entender que há coisas instantâneas e coisas que são processos.
Instantaneamente, o que nós fizemos, vou dar um exemplo. Transparência absoluta
dos gastos públicos. O portal da transparência do Maranhão filtrava 60% e só
40% dos gastos apareciam para o cidadão. Nós eliminamos isso. Isso é uma medida,
uma decisão para ser feita no curto prazo. Coisas desta natureza, gastos
abusivos de um modo geral com contratos terceirizados, no do Detran, por
exemplo; na Caema (Companhia de Saneamento do Maranhão) e mesmo no Palácio dos
Leões. Cortamos tudo. Na segurança pública, estamos atuando no cumprimento da
lei, eficácia e combate à impunidade. Em relação ao sistema penitenciário,
conseguimos reduzir o número de fugas. No primeiro trimestre de 2014, foram 34
fugas. No primeiro trimestre de 2015, 19. Ainda é alto? Claro que é, mas já
reduzimos. O número de mortes no sistema penitenciário. No primeiro trimestre
de 2014, foram 13. No primeiro trimestre de 2015, foram 4. reduzimos um terço.
É claro que quatro ainda é muito. Queremos zerar.
Qual o maior gargalo no sistema
penitenciário?
Hoje,
no caso do Maranhão, é o problema de terceirização. Herdamos um sistema em que
90% dos profissionais que trabalham dentro das penitenciárias foram
selecionados precariamente, mediante uma terceirização que visava garantir
lucros privados. O que nos desafia é exatamente conseguir fazer a transição que
estamos fazendo. Abrimos a seleção para os agentes e auxiliares penitenciários
que ficam conosco até a realização do concurso. São 900 vagas temporárias. A
seleção está em curso. E aí vamos ter recursos humanos mais adequados. As
falhas que têm ocorrido, que levam, por exemplo, a essas fugas, derivam na
maioria das vezes não da falha de comando, mas da falha de execução.
E não pode ser também
desentrosamento entre os setores que atuam no sistema?
Você
tem razão. Agora, sob minha coordenação, está ocorrendo uma reunião do Gabinete
de Gestão Integrada, que envolve o judiciário, o Ministério Público, a
Defensoria Pública, as forças armadas, a ABIN, a polícia civil, a polícia
militar, corpo de bombeiros. Ou seja, todo o sistema de justiça e segurança
pública se reúne agora mensalmente, com a minha direção e com minha presença,
para a gente poder romper essa marca de fragmentação que havia. É a busca de
ações compartilhadas que garantam maior eficácia da operação. Em relação ao
entulho, removemos muita coisa e estamos removendo o que me demanda tempo, como
essa questão da segurança.
Em
entrevista ao Programa Roda Viva, o senhor falou de uma situação burguesa que
tem 300 anos de defasagem no Maranhão, a qual emperra o processo democrático.
O que, de fato, agora, isso vai
mudar?
Gostaria
de destacar um tema que diz respeito à relação com o empresariado. Eu instalei,
em janeiro o conselho empresarial do Maranhão, que reúne, também com a minha
presença, as principais entidades do estado. Tenho recebido todos os dias
investidores privados que já atuam no Maranhão ou que querem atuar. A minha
agenda é aberta para eles. Quando eu falei dessa defasagem, era a partir da
compreensão de que nós precisamos democratizar o processo econômico, porque ele
estava hiperconcentrado em pequenos grupos.
Mas o senhor disse, no aniversário
do PCdoB, que o seu governo é comunista e é comandado por um comunista. Como se
dá o comando desse governo num processo capitalista?
O
que precisamos no nosso estado, hoje, é garantir a distribuição da riqueza.
Nesse sentido, o governante é, e sou de fato, um socialista, um comunista que
acredita na comunhão. Como vamos fazer isso? Vamos conseguir chegar a uma
distribuição mais justa da riqueza mediante geração de empregos, serviços
públicos, se conseguirmos ampliar a riqueza existente. A ampliação da riqueza
existente do Estado só pode vir de um caminho: a soma de investimentos públicos
com investimentos privados. Nenhum governo sozinho dá conta de gerar os
recursos necessários para melhoras as condições de vida do povo. É aí que se dá
essa combinação, entre um socialista que deseja aumentar a riqueza para com
isso propiciar mais oportunidades.
O senhor falou que tem conversado
bastante com investidores que podem vir ao estado. Mas e em relação às recentes
demissões na Alumar e o fechamento de empresas siderúrgicas na região de
Açailândia?
Essa
situação está muito relacionada à crise internacional. E não começou de agora.
A dificuldade das siderúrgicas já vem de muitos anos no Maranhão. Na verdade,
tivemos uma desativação crescente dos fornos das siderúrgicas há vários anos. A
alumar já tinha desativado 2/3 da sua produção de alumínio antes do nosso
governo. Eram três linhas de produção. Eles consideraram que preço do alumínio
caiu no mercado internacional, o da energia cresceu no Brasil e isso tornou
pouco competitivo o produto deles. Claro que lamento e deploro essa decisão da
Alcoa porque eles tiveram muitos incentivos do povo do Maranhão, da sociedade,
e acho que houve uma precipitação. Até um descaso em relação ao momento
econômico que o Brasil atravessa. Isso deriva muito dessa concepção de empresas
voltadas para o mercado externo, que é o grande problema da economia
maranhense.
E como será possível mudar esse
modelo?
Sobretudo,
invertendo a prioridade. A nossa prioridade hoje é agregação de valor a partir
das cadeias produtivas existentes no Maranhão. Como exemplo, temos o projeto
Salangô, abandonado há décadas. Vou lá dia 18 de abril anunciar o enorme
investimento do governo do estado para potencializar a produção de arroz do
Projeto Salangô, em São Mateus. Hoje produzimos metade do arroz que produzíamos
vinte anos atrás. A embaixadora de Cuba veio aqui e disse que queria comprar arroz
do Maranhão porque hoje Cuba compra do Rio Grande do Sul. Chamo o secretário de
Agricultura para vender arroz para Cuba e ele diz que o problema é que nós
também compramos arroz do Rio Grande do Sul. A matriz é invertida nesse
sentido, de nós pegarmos essas cadeias produtivas existente de grãos e criar um
dinamismo econômico para o Maranhão.
O programa 'Mais IDH' definiu os 30
municípios mais pobres, mas como ficam os demais que não estão nessa lista?
Temos
ações estratificadas a partir de objetivos. No caso da educação, vamos ter uma
ação dos Núcleos de Educação Integral, que irão atender os alunos com
atividades de esporte, cultura, de idiomas, laboratórios. Eles vão ser
implantados primeiro nas cidades maiores, porque vai atingir uma maior quantidade
de alunos. Temos as escolas de educação profissional, os Institutos
educacionais do Maranhão (Iemas), que complementam a rede de IFMA. Mas você tem
razão quanto a necessidade de graduar as ações, porque elas não podem ser
exclusivas nas trinta cidades mais pobres. Dou outro exemplo, o do asfalto.
Fizemos em Imperatriz, Caxias e Timon, porque são as maiores cidades do
Maranhão. E para São Luís vamos fazer o convênio com o prefeito Edvaldo nas
próximas semanas. Temos a preocupação de ir posicionando ações que garantam a
presença do governo de modo uniforme no território estadual.
Qual a participação do município no
programa 'Mais IDH'?
O
município é um articulador das ações, ele não vai precisar entrar com recursos.
Reunimos com os prefeitos, sindicatos e estamos finalizando o processo de
instalação dos comitês municipais. IDH é longevidade, educação e renda. Temos
doze ações que visam melhorar cada uma dessas coisas. Educação é a escola
digna, substituir as escolas de taipa e o combate ao analfabetismo.
Longevidade, força estadual de saúde que vai atuar na atenção básica. Água
também se inclui nisso. Segurança alimentar, vamos fazer restaurantes populares
nas trinta cidades. Renda, sobretudo a questão da agricultura familiar. Em cada
uma dessas cidades, vamos implantar ainda esse ano cem sistemas de produção
familiares.
Quando o senhor esteve com a
presidente Dilma, tratou desse assunto do IDH, em ação conjunta com o governo
federal?
Semana
passada, recebemos uma delegação do MDS, Ministério de Desenvolvimento Social,
que foi conosco a quatro cidades do 'Mais IDH' e verificar a situação relativa
à insegurança alimentar, que é a questão do bolsa família, de cestas básicas,
da própria montagem das cozinhas comunitárias que faremos junto com o MDS.
Quando conversei com a presidente Dilma, levei esse tema com uma ênfase muito
especial, porque acredito que o plano 'Mais IDH' também tem uma função
pedagógica. Vamos melhorar efetivamente a vida do povo dessas trinta cidades
normalmente abandonadas. É possível, mediante ação conjunta...
O Flávio Dino foi eleito em aliança
com o PSDB, e agora como se dará o alinhamento de seu governo com o da presidente
Dilma?
De
total parceria administrativa. Tenho, semanalmente, buscado ajuda do governo
federal, recebido atenção e cuidado aos nossos pleitos. Já estive três vezes
com a presidente Dilma nesse início de governo, apresentando projetos e ideias.
É natural que o governo federal infelizmente vive um momento de turbulência...
Qual a sua avaliação dessa situação
em que Dilma se encontra hoje diante do parlamento que praticamente criou um
sistema político híbrido, meio parlamentarista, com a presidente acuada e o
Congresso dando as cartas?
Essa
turbulência aguda que se vive hoje no Brasil, do ponto de vista de um estado
como o Maranhão, o que causa? Causa dificuldade de andamento de projetos. O
'Minha casa minha vida', para o Maranhão, para economia maranhense e para o
povo, enfrenta dificuldades no financiamento. O minha casa minha vida 3 ainda
não andou como gostaríamos. Essa ambiência política, do ponto de vista
administrativo, é indesejável. Sobre a questão politica, é preciso ter mais
diálogo entre as forças políticas. Exemplifico a partir do Maranhão, é verdade
que tivemos apoio do PSDB. Hoje governamos com PSDB e com o PT. Quem conduz a
política social do nosso governo é um dirigente do PSDB e um do PT. É o Neto
Evangelista, secretário do Desenvolvimento Social, e o professor Chico
Gonçalves, do PT, secretário de Direitos Humanos e Participação Popular. No
plano nacional há muita sectarização de posições, e experiências como a do
Maranhão, mostram que é possível, mediante o diálogo, fazer as coisas
avançarem.
O senhor acha que a oposição está
muito sectária em relação ao governo?
É
um momento econômico complicado que levou a uma continuidade do clima do
segundo turno da eleição e que acaba levando a uma polarização política rara
para o Brasil, eu diria inusitada nesse nível. O que imagino e desejo é que
isso seja algo transitório. A pluralidade é saudável, a existência da oposição
é boa, a questão é quando você transforma isso na luta pela destruição do
outro, no ódio do método de ação política. Isso deve ser superado em todas as
forças políticas, é preciso ter um clima de mais entendimento.
Especula-se em São Luís um suposto
estremecimento na relação sua com o governo municipal do Edivaldo Júnior. De
verdade, como é que está essa relação?
Não
há estremecimento nenhum. Pelo contrário, a gente tem focado sempre naquilo que
cabe a cada esfera. É natural que vez por outra surjam diferenças de abordagem
em relação a problemas que têm que levar a algum tipo de pactuação, como nessa
questão recente das tarifas de ônibus. A prefeitura tomou uma decisão, nós
consideramos que essa decisão não era a melhor naquele momento. Chamamos os
empresários e a própria prefeitura para um diálogo e juntos encontramos a
solução. Com a participação do governo do estado, reduzindo a alíquota do ICMS
do combustível dos ônibus de 7% para 2%. Isso permitiu que a prefeitura pudesse
fazer a redução de R$0,20 da tarifa.
O senhor como político, como
governador, como já está vendo o cenário de 2016 para as eleições municipais?
Em
relação a isso, tenho optado por não ver. Acho que há tempo para tudo debaixo
do céu e acho que há um exaurimento da sociedade em relação à repetição de
eleições, como se isso fosse um processo eterno. No mais, fui eleito para
governar e não para ficar disputando eleição.
Sobre a redução da alíquota do
ICMS, quando o senhor assumiu disse haver um rombo nas finanças do Estado, o
Maranhão tinha como fazer essa redução do imposto?
Não
apenas tinha como tem o rombo. Recebemos R$ 1,3 bi em dívida e R$ 24 mi em
caixa. O que estamos fazendo é redirecionar gastos. Evidentemente sempre sobre
pressão das urgências, me refiro, por exemplo, à temática dos precatórios.
Recebemos quase R$ 800 milhões atrasados. Pagamentos de créditos fiscais de
empresas também estão atrasados. O que estamos tentando ainda é o que se refere
aos servidores, aos prestadores de serviço de um modo geral, e aos fornecedores
de insumos emergenciais, sobretudo na área de saúde. Só aí pegamos R$ 184 mi de
dívidas e estamos praticamente zerados. Em maio, vamos fazer a retomada dos
pagamentos dos precatórios que estavam interrompidos há mais de três anos. O
Estado não paga nada de precatório, a não ser o precatório do Alberto Yousseff,
da Constran.
Tenho dados do IMESC sobre o
crescimento do PIB maranhense de 2009 a 2014. O PIB passou de R$ 39 bi, em
2009, para R$ 45 bi, em 2010, para R$ 52 bi, em 2011, e chegaria a R$ 67 bi em
2012. Esses dados são reais?
Sim,
a economia do nordeste, de um modo geral, cresceu muito nos últimos anos. O
dobro ou o triplo da média nacional, porque houve a soma de políticas sociais,
como o bolsa família e aumento do salário mínimo, investimento na agricultura
familiar, com investimentos privados em peso no Maranhão. Por exemplo, a Suzano
é um investimento importante, um terminal de grãos, Porto do Itaqui, coisas que
vêm de dez anos, inclusive. Uma luta que começou no governo Zé Reinaldo, no
governo Jackson, ultrapassou o governo da Roseana e finalmente estamos, depois
de uma década, colhendo os resultados.
Há
uma relação direta do PIB com o IDH, principalmente na região do nordeste.
Por
isso que temos dois desafios. O desafio do crescimento da riqueza e do modo
como essa riqueza é aplicada, hoje nosso enfoque principal. Estamos lutando
para manter a trajetória de continuidade da riqueza, apesar desse ambiente
hostil a nível nacional. Se o PIB parar de crescer, em algum momento vai se
esgotar o processo de distribuição, de extensão dos serviços públicos, etc. Por
isso que o Brasil precisa desesperadamente sair desse impasse. A Petrobras é
desde os anos 50, o motor de desenvolvimento do Brasil junto com a indústria
automobilística. É um bloco complexo que impulsionou a economia brasileira
desde os anos 50. Na medida em que ele atravessa essa crise de credibilidade e
de desinvestimento, isso impacta a economia brasileira e a maranhense, por
conseguinte. O exemplo mais próximo é a desativação temporária da refinaria de
Bacabeira.
Essa desativação é temporária ou
definitiva?
Acrescentaria a isso que hoje saiu uma notícia
nacional que a presidente Dilma cancelou o contrato com a Ucrânia em relação ao
projeto de Alcântara, o Cyclone.
Esse
contrato com a Alcântara Cyclone Space, a binacional com a Ucrânia, já está
paralisado há quatro ou cinco anos. Isso foi feito no primeiro governo do
presidente Lula. Concretamente o Brasil parou de fazer um investimento na base
e parou também de fazer o repasse para a binacional. Dialoguei com a presidente
Dilma sobre isto e com o ministro Aldo Rebelo. Eles se basearam num estudo
técnico feito pela Agência Espacial Brasileira, que sustenta que hoje há uma
defasagem tecnológica da Ucrânia e que esse projeto, quando concluído, não
atenderia o objetivo brasileiro de ter um veículo lançador de satélites. Sobre
a refinaria, tenho absoluta convicção de que é algo temporário. Em algum
momento, o Brasil vai precisar aumentar sua capacidade de refino, porque o
pré-sal é uma realidade. Obviamente para o Brasil é muito melhor, em se
transformando em um grande produtor de petróleo, exportar produtos que tenham
agregação de valor. Estamos buscando alternativas com a Petrobras para, quando
a Petrobras sair da crise, o investimento seja retomado.
Ontem mesmo o diretor de
abastecimento esteve na audiência da comissão externa da Câmara dos Deputados
falando que a questão econômica impedia a manutenção do projeto. A política da
Petrobras pode mudar ou a Lei do Petróleo tem que ser rediscutida?
A
política da Petrobras vai mudar, tenho absoluta certeza. Passado o período de
aprovação do balanço, de realização das perdas por causa desse lamentavel
escândalo de corrupção que resbalou inclusive no Maranhão, no governo passado.
Precisamos de uma Petrobras ativa investindo no País. Passado esse momento, que
espero que seja breve, com certeza o Maranhão, como disse, tem todas as
condições de voltar a desejar a refinaria. Dessa vez, com seriedade. Sem
propina e também sem mentiras, sem falsas expectativas. Retomei agora o projeto
da refinaria, que deu origem a tudo isso, feito no governo Zé Reinaldo. Em
2004, foi feito um projeto de refinaria de menor porte e esse projeto depois de
anos e anos se transformou na Refinaria Premium.
Quando assumiu, deve ter sentido um
impacto muito grande no conjunto da obra que é o governo. Hoje, o senhor está
mais otimista em relação ao que viu?
Sempre
sou otimista. Sempre tenho a perspectiva transformadora, de que é possível
fazer. O otimismo não é ingênuo, ele é baseado em fatos. Em 100 dias fizemos
mais do que todos os governos anteriores, como o da governadora Roseana, em cem
dias. Temos indicadores melhores em tudo, na gestão fiscal, na arrecadação
tributária, gastos em educação, avanços na saúde e segurança, redução de
indicadores de violência. Há quem pense por aí que nosso governo tem quatro
anos ou três anos, mas faço questão de lembrar que tem cem dias apenas.
E como está a relação do governo
com a bancada maranhense do Congresso Nacional?
Conversamos
quase que diariamente com a bancada porque temos sempre temas no Congresso que
dizem respeito aos estados que têm menos força econômica. Essa sinergia tem
resultado em ganhos, tivemos uma grande conquista na área da saúde no que diz
respeito ao repasse do teto per capita da saúde, tivemos aumento de 88 milhões
para 2015.
A nível nacional, o orçamento impositivo foi
aprovado, mas enfrenta alguma dificuldade na Assembleia Legislativa. Qual o
posicionamento do governo em relação a isso?
Sempre
tenho frisado que esse é um assunto da Assembleia, porque envolve uma mudança
constitucional que compete ao parlamento decidir. O que temos deixado claro é
que sempre vamos dialogar com os deputados. Acho que no caso federal é preciso
passar um tempo para ver como vai se dar isso na prática
O senhor acredita que a matéria foi
aprovada em Brasília devido ao posicionamento do Eduardo Cunha?
Sobretudo
por uma conjetura política. Há um desejo de implantar um monstro no Brasil, que
é o regime presidencialista em que a responsabilidade principal é do Poder Executivo,
mas ao mesmo tempo ele age sob muitos constrangimentos derivados da atuação do
legislativo e do judiciário. É impossível dar certo um hibridismo dessa
natureza em que você não sabe ao certo quem comanda o jogo institucional. Em
algum momento, isso vai ter que resultar ou num pacto político para que as
instituições voltem a funcionar em outros termos ou em mudanças constitucionais
para que adequem as normas aos objetivos das forças políticas.
Sairia disso o bojo de uma reforma
política?
Hoje
é muito difícil fazer uma reforma política produtiva exatamente por conta do
ambiente. Há uma pré-condição para que tenhamos uma boa reforma, realmente um
desarmar de espíritos. Neste caso da reforma política, assim como da maioridade
penal, a atitude mais sábia seria deixar isso para um momento melhor, menos
contaminado pelo debate político para ter uma decisão mais racional sob pena de
termos decisões que se revelem um enorme e irreversível desastre. Porque, como
o grande Cazuza cantou, “o tempo não para”.
Do Imparcial