Entre 1995 e 2012, quase 45 mil trabalhadores foram
resgatados de situações análogas à escravidão.
Embates como os que mobilizaram o Poder Legislativo
brasileiro há 125 anos pelo fim da escravidão são travados até os dias de hoje.
Tramita desde 1995 %u2014 quando a primeira versão do texto foi apresentada
pelo deputado Paulo Rocha (PT-PA), sem que a tramitação avançasse %u2014 uma
proposta de emenda à Constituição (PEC) que fortalece os instrumentos de
combate à exploração do trabalhador. O principal entrave para a aprovação da
medida é o dispositivo que determina o confisco da terra onde for flagrada a prática
de trabalho análogo à escravidão. Considerada uma segunda abolição, a proposta
destina essas áreas à reforma agrária ou ao uso urbano.
No ano passado, a proposta foi aprovada pela Câmara, mas voltou ao Senado por
causa de uma modificação no texto. Em abril deste ano, o relator da PEC na
Comissão de Constituição, Justiça e Cidadania (CCJ) do Senado, Aloysio Nunes
Ferreira (PSDB-SP), deu parecer favorável ao texto da Câmara, sem alterações.
Na justificativa, o senador argumenta que, ao permitir o confisco do imóvel no
qual for flagrado o trabalho análogo à escravidão, o país dará um sinal
inequívoco de que está empenhado em acabar definitivamente com essa chaga, que
fere não só as leis trabalhistas, mas, acima de tudo, a dignidade das pessoas.
Atualmente, o trabalho escravo %u2014 descrito em linhas gerais como privação
de liberdade imposta pelo patrão para dificultar o desligamento do explorado
%u2014 é considerado grave violação dos direitos humanos, crime previsto no
artigo 149 do Código Penal.
Flagrantes de exploração
Enquanto a discussão se arrasta no Congresso, o país continua flagrando
trabalhadores sendo explorados em condições análogas à escravidão. Na última
quinta-feira, oito pessoas foram libertadas de um sítio em Castelo dos Sonhos,
Altamira (PA). O dono da fazenda, armado, obrigava os empregados a fazerem
compras na própria fazenda, caracterizando a escravidão por dívida. Um litro de
leite, por exemplo, era vendido por R$ 17.
Só nos quatro primeiros meses deste ano, segundo dados do MTE, mais 283 pessoas
foram libertadas. Entre 1995 e 2012, o total de trabalhadores resgatados
ultrapassou 44,2 mil (veja quadro). E a exploração do trabalho forçado e sem
remuneração não está restrito ao setor rural. Nas cidades também há escravidão
moderna, principalmente nos setores de confecção, da construção civil e do
comércio, além de serviços domésticos.
Trabalhadores libertados desde 1995
2000 - 2004 12.216
2005 - 2009 22.549
2010 - 2013* 7.962
*(até 29 de abril)
Do Imparcial
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